Universo nulo e restrito
Primeiro surgiu o piso, que se formou de
maneira instantânea e pragmática... após, as paredes, portas, janelas, jardim
do quintal, todos os móveis... enfim: tudo se construiu sem que a vida
surgisse.
A televisão parada e quieta, sem
qualquer sinal capturado por sua antena inexistente. O vento sopra e adentra
pela janela; de vez em quando, algum objeto cai sobre o solo e nunca mais se
ergue novamente... sem vultos de qualquer animal vivo, a velha casa continua à
sua praxe de sempre: nem ratos e nem pássaros a rodeiam, e nem insetos
aproveitam a imensidão proporcionada pelo grande jardim do quintal.
Ao lado da velha casa, outras
semelhantes: que não são melhores e não são piores do que ela... na verdade,
apenas trocam-se os objetos, o espaço e seu tamanho... não existem sinais de
superioridade ou inferioridade, a natureza se transforma, mas os seus
princípios sempre serão os mesmos.
Tão distante da realidade todo este
princípio não-vital!... existe alguma disputa, cenário diferente ou processo a
ser seguido?... Não existem respostas convincentes; e a verdade é que não
existem provas que concretizam a existência dos questionamentos filosóficos,
científicos, racionais ou poéticos.
Fora das casas, calçadas e ruas
vazias... grandes prédios abertos; e ninguém para fechar as suas janelas e
portas!... Grandes comércios e seus produtos: tudo está à disposição, menos os
animais e os humanos (pois aqui é utópica a existência de qualquer vida). Todas
as estruturas da sociedade pós-moderna estão expostas; tudo está quieto diante
do grande projeto nascituro que é a humanidade.
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