Civilização Cristã
O
passado é o presente
Pra
quem vive no amanhã
É
assim que somos civilização cristã
É
o regresso desesperado
O
medo da solidão
É
o capitalismo exacerbado
E
a falta do real social
Não
precisamos mais correr
Desde
que alimentemos a alma
E
voltamos ao ódio
A
toda a guerra
E
ao total opróbrio
Do
eterno Livro da Sabedoria
É
o Cristo presente
A
força sem armas
E
a total falta de arte...
É
assim que somos Civilização Cristã!
Canto da peroração
Minha
loucura é minha dona
E
ela me ama no calor de nossa cama
Diante
das noites e das borrascas de inverno
Nos
instantes em que sou pessoa física
E
no grande alvorecer dos meus sonhos
A
loucura guia minha poesia
Fazendo-a
ser o que é
Diante
de total desarmonia temática
E
falta de qualquer nexo
Diante
de algumas hipóteses
Que
apresentam outras mil a serem seguidas
Ela
fez de mim um ser pensante
Que
pensa e age pelo futuro
Que
nunca fará parte da história
Nem
dos homens, nem de todos os demais seres
Se
meus dias não são belos
Não
são dignos de qualquer biografia
Ou
literatura pseudoverídica
Apenas
tenho o que escrevo
Para
amar o papel
E
ao ver que a humanidade não existe.
O introito desvinculado
A
produção cultural
Advinda
das vesânias humanas
Se
autodetermina como caso oposto
Em
total desarmonia com a natureza
E
com toda a história do mundo
Nada
é do ontem que me afligia
Pois
agora meu pensamento me reflete
Ao
reflexo sem gênero de seu rosto
Reflexo
de minha alma maldita
Que
ainda se apega a questões mundanas
E
regras formadas neste triste drama
Do
enredo pós-moderno e ultrapassado...
O
limite tênue de minha filosofia
É
o próprio questionar-se
Diante
de ser ou não apenas uma abstração.
Diz-se e faz
Triste
a forma
De
sua vida:
Começou
numa noite
Em
que o autoconhecimento
Diante
de suas contradições
Deveria
ser explicado
E
essa agonia
Em
descobrir o espelho
Foi
se fortificando
E
a necessidade de te fazer
E
de aperfeiçoá-la cada vez mais
Corria
na guerra
Desse
mundo
De
sonhos e pesadelos
Fez-se
o desamor
Diante
de coisas
Tidas
por insignificantes
E
o desnecessário
Vítima
de agressões verbais
Fez
mais um soldado seu
E
esse homem
Agredido
por si mesmo
Está
se recuperando
Para
voltar a guerrear
E
um dia voltará!...
Mas
enquanto ele acorda
E
os seus semelhantes dormem
Ele
consome a si mesmo
Repensa
no verbo pensar
E
escreve cada vez
Com
intensidade crescente
Os
poemas de sua voz.
A bela Pangeia
Haverão
de surgir os guerreiros
Que
serão tratados por marginais
E
gritarão contra a escravidão
E
haverão de libertar o que sobrou do homem
Haverão
de libertar a América
E
todos a abraçarão e a honrarão eternamente...
Haverá
de surgir a igualdade
E
ela terá mais força na África
Surgirá
o renascimento da irmandade
E
ela poderá surgir na Ásia
Ou
se empolgar na Oceania...
Daí,
todos os filhos da Europa,
Sobrará
apenas a sensatez!...
Maravilhoso
é ser real a utopia
E
o homem regredir
E
se curvar diante da beleza da Pangeia!
Arte e depressão
Sendo
a minha sombra
À
lágrima oculta do mundo
E
sendo minha dor
A
apoteose de déspotas:
Só
assim explico minha poesia
Só
assim ela se torna real:
Sou
amante do invisível
E
adorador do inexistente...
Abençoando
minha história
Com
paradigmas inaceitáveis
Amarrando
à sobrevivência
E
assassinando o tempo
Como
se Ele fosse mendigo...
Quando
escrevo o difícil
Abraço
a sensualidade
E
sinto o real amor...
Escritura
sagrada
Meu
manto protetor
Sangue
em minhas veias:
Arte
e depressão...
Manicômios humanos
A
mulher nasce
E
questiona o seu mundo
Renega
velhas aparências masculinas
Formula
sua própria história
Organiza
e treina o seu pueril ventre
E
passa a infância nesse treinamento
Quando
a mulher descobre-se nua
E
começa sua admiração narcisista
Ela
abraça seu próprio corpo
Ama
e dança, balança o seu seio
Treina
a face de seu semblante
Destaca-se
das demais com soberba
E
abre o seu ventre ao belo destino
O
homem que traz o novo
E
busca o velho na amada
Se
apresenta como amante do destino
Ama
a si mesmo
E
procura a sua mãe no mundo
Ambos
põem-se a dançar
E
entregam-se ao físico
Abraçam-se
e adoram-se no sexo
Nos
seus frenesis abruptos
Que
trazem milênios diante de segundos
E
os corpos soam o suor do prazer
E
o casal sorri diante da concupiscência
Quando
surge algum sopro
E
do vento o ventre vira casulo
Fechando
uma nova vida
Explicando
algo sem cifra
Sem
sentido racional ou religioso
Algo
que vai além dos muros do destino
Surge
mais uma vida
E
o casal, agora já em velhice
Abraça
e admira todo o certame social
Que
se apresenta pela efígie do filho adorado
Ajoelham-se
diante da morte
E
morrem
Achando
que isso foi amor!
Guerras, vidas e sonhos
Tudo
já nos foi dito e explicado
Através
de verbos vivos
Acontecimentos
pouco pomposos
Em
vitórias vergonhosas
E
derrotas inesquecíveis...
O
mundo não é imprevisível
Apenas
não nasceram homens
E
o verbo em ser humano ainda não foi conjugado.
A canção sem introito e peroração
A
humanidade não é guerra
Não
é sangue, não é crime
É
o que a arte representa
Diante
de todas as transformações
Que
nos apresentam o social
Que
é apenas o nascituro e mutável
Resta
apenas viver à arte
Dançar
e fazer amor com ela...
Observar
que ela é a mãe de tudo
E
o homem não é nada
Pois
o que o enobrece é a sua produção
No
folclore do introito existencial
Todos
abraçaram-se às utopias
Sem
qualquer ação ou pensamento
Apenas
por sentirem as necessidades
Que
cresciam como velhas matas virgens
Ninguém
sabe o que deveras ama
Mas
todos nós amamos a comunhão do amor
O
realismo expulsou o romantismo
E
hoje restam apenas descendentes
Que
perderam a língua de seus antepassados
Seus
costumes, hábitos, cultura e tradição
Vivendo
apenas pelas heranças nascituras
De
tentar arquitetar a progressão da humanidade
Os
que vivem por nossa honra
(Em
seus velhos cemitérios perdidos)
Continuam
a marchar pela batalha
Que
deverão vencer
Para
não trazer à realidade
Que
não é superior a nossa derrota eterna
O
meu niilismo e minha aflição inexplicável
São
o que não quero para ninguém
Mas
sei que é o que muitos são
Por
viverem nos templos de nosso tempo
Nesta
amarga derrota do homem
Diante
de seu próprio reflexo
E
todo o seu certame histórico
Restou-me
apenas a eterna patética
Que
é deste ser que vive em mim
E
não consegue viver entre homens
Morre
abraçado a um orgulho estúpido
E
carrega a lágrima que secou
Antes
que ela caísse no solo...
Nem
um velho risco de giz
Ultrapassará
o que escrevo e carrego.
Humanidade e poesias... dupla sincronia ilusória
A
humanidade não se acabará
Antes
da formação de ditadores
De
todas as origens e sobrenomes
Antes
das desgraças totais
Que
serão praxes em extinção
Análogas
a toda a espécie humana...
Todas
as desgraças formarão corolários relevantes
Máscaras
serão apoteoses teatrais
Mentes
dominarão ignorâncias eternas...
Estamos
apenas no introito de todo o caos
As
mentalidades são projetos nascituros
E
os sonhos já não se conhecem
E
não sabem sobre os rumos que pretendem
Sobre
as saídas que são possíveis
Deste
exílio vulgar do inferno na terra
Mas
o amor sempre existirá
E
sempre nos tornará sonhadores
Guerreiros
dos espíritos arrependidos
No
jogo desleal da sociedade...
Algumas
individualidades continuarão existindo
E
farão da arte a bela continuidade
Da
única arma social e humana
Que
pode alcançar a liberdade
E
trazer o amor para o que somos
Nos
segundos que o artista reserva
E
compartilha com as melhores e piores existências
Sou
este simplório profeta
Que
se abraça em momentos de ironia
Tristeza,
alegria e desequilíbrio sentimental...
Não
sei sobre o que carreguei
Diante
de meus defeitos
Indeléveis
nesta paisagem efêmera
Minha
vida são segundos mutáveis
Diante
da desgraça que é saber
Tudo
o que é maior
Do
que qualquer existência humana
E
qualquer parte de meu mundo
Sei
que o agora de meu pensamento convicto
Arcaico
e indelével
Amanhã
será extinto...
Mas
as agonias se transformam
E
tudo o que fui, sou e serei
É
esta simplória escravidão
De
minha solidão eterna
E
minha voz calada por todos.
Pertencer e não existir
Antes
que me viessem desgraças
Perante
todo o mundo
Antes
do baile fascinante
Triste
e obscuro
Antes
da formação ditatorial
Que
se vê no mundo...
Sei
que sou apenas humano
Diante
de meus limites
E
ações irreparáveis e irracionais
Nunca
irei amar
Nunca
terei felicidade
Nunca
terei a minha religião
Nunca
saberei sobre o que é a vida...
Pois
ser humano
É
apenas ser
O
que acabo de explicar
No
momento de minha depressão noturna.
Sou do tempo
Sou
do tempo
A
esquizofrenia de outrora
Os
passos retrógrados
E
a idiossincrasia
Mundial
e individual
Sou
do tempo
As
lágrimas do mundo
O
sexo selvagem
A
vida libertina
O
eterno anjo canalha
Sou
do tempo
E
a vida me renega morada
Os
Campos Elíseos se fecham
E
a volúpia se desarma
Vivo
na morte
Morro
na vida
E
essas verdades
Me
destruíram, me destroem e me destruirão...
Modernidade
Entrando
na história do inconsciente
Me
aparece à mente
As
mais horrendas, dúbias e medíocres histórias
Que
adentram em algum movimento
E
tornam-se parte do modernismo
Ninguém
mais domina o engenho e a arte:
Bem
vindo à modernidade!
III
As
minhas atitudes
Não
me obedecem
O
meu pensamento sai de seu lugar
A
minha única vontade
É
morar longe daqui.
O estupro da poesia
Uma
espada fere
Uma
donzela que foi estuprada!
Uma
espada mata
A
esperança do mundo
E
acaba com a gestante
E
o introito de uma nova vida...
Vaidade
ou vergonha?
Qual
será o antropônimo adequado para ela
Em
um muro gigante
E
um declínio infinito?
Saia
espada maldita!
Não
sou guerreiro para ter-te como arma
Não
sou o guerreiro que perdoaria tal assassinato!
Largue
de meus pulsos este estigma catastrófico...
Pois
escrevo e não tenho rumo
Para
conseguir seguir à vida
E
ignorar qualquer mistério existente
Na
fonte de minhas idiossincrasias nascituras
Indeléveis
até o momento final
De
meu sangue demoníaco e hierárquico.
Minhas atitudes
Às
vezes sinto raiva
De
todas as minhas atitudes
Sinto-me
como um ser irracional
Sujo-me
com sentimentos vis
Saem
de minha boca palavras cheias de sacrilégios
Sátiras
baratas e escárnios mal-ensaiados
Minha
boca desobedece minha mente
Elas
brigam entre si
E
se perdem em um universo limitado...
Minhas
atitudes são minhas tempestades!
Gostaria
de me afastar, ir para longe
E
conseguir morrer em paz...
Minhas
atitudes me transformaram
Em
algo análogo a qualquer vida
Que
se encontra em nossa sociedade...
Sempre
diante do saber que poderia ter sido mais!
O ébrio mórbido
Festas
de um alcoólatra que se perdeu na noite
Mas
pensou em parar
Quer
se livrar de si mesmo
Eu
sou o alcoólatra
Mas
é outro o meu elixir
Arrependido
estou
Envergonhado
diante de tudo
Implorando
penitência divina
Mas
morrendo silenciosamente
Pensei
achar respostas para completar meu autoconhecimento
Mas
ouvi a mentira universal de todos os paradoxos em questão
Estou
morrendo lentamente ébrio
Me
destruindo com meus sentimentos
E
minha alta soberba de tentar procurar a verdade.
Morte e vida em réquiem
Tantos
tolos no mundo
Que
têm o meu ofício e o ridicularizam!
Escrevem
por sofisma
E
não sentem tudo o que eu sinto
Escrevendo,
destarte, parcerias circenses em forma de poemas
E
me afastam do mundo
Porque
julgam-me sem explicações óbvias
Alguém
fora de época!
Publicar
o que é meu seria satisfatório a alguns
Desleal
a outros e pernicioso para todos!
(Enquanto
isso
O
meu anonimato é um tapa na cara da sociedade!...)
I
Um
corvo me segue
E
calcula meus passos
Arranca
sangue de meu corpo
E
espera a minha peroração
No
efêmero da efeméride soturna
Não
mais descansarei
E
minha insônia é o meu medo
E
o resultado assim se forma:
Agrido-me
com meus pensamentos
E
meu resto carnal é da ave que criei com meus poemas
Rezo
pelo fim de minha alma
Mas
não tenho destinatário da mensagem que envio
Sei
que meu escrito é um incrível erro social
Mas
esta guerra
(Feita
por um homem só)
Não
mais terá fim
E
não descansará de seu objetivo
De
matar o pseudo esquecido.
Poema feito pelo silêncio
Final
de madrugada, o sol ainda não nasceu.
Fico
quieto com os meus olhos abertos
Porque
as pequenas coisas me geram grandes ansiedades
O
amor central que penso já ter perdido
Os
paralelos futuros que farão minha carreira profissional de amanhã
E
os rumos possíveis de minha literatura...
Enfim,
grandes projetos e grandes fracassos
Que
marcam minha trivial passagem
Diante
desta vida que me aparece demasiado efêmera
Ser
jovem, eterno desafio para um velho derrotado!...
Ter
o corpo e a mente como eternos pedintes
Corvos
que jamais se sentem saciados
E
não conseguir nada para eles
E
ser escravo eterno do tempo infinito dos segundos
Corolário
possível através dos desequilíbrios sentimentais
Ações
das senhoras outrora citadas
Não
ter palavras racionais para escrever
Sentir
que todos os dicionários ainda são pequenos
E
ver que, diante de todo este paralelo,
A
vida dança e corre com o vento
E
o poeta ainda é escravo de si mesmo.
O
sol ainda não nasceu.
Fez-me sentir o universo
Fez-me
um grande tolo diante do espelho
Mostrou-me
que não consigo perceber
Além
de todos os questionamentos ditos universais
A
grandiosidade que há em cada segundo
Diante
de uma efígie demasiado pueril
Fez-me
um indivíduo perplexo
Alguém
que questiona a sua própria existência
Pois
em um segundo desmoronou partes de minha estrutura
Aumentou
o meu desligamento diante do cotidiano
Esta
maldita mania que tenho de me afastar de mim mesmo
Aumentou
minha esperança
No
momento em que se aproximou
Deixou-me
entregue à agonia
Por
ter sido um ato de apenas alguns minutos...
Fez-me
questionar, renovar minhas idiossincrasias
Tentar
mudar os meus atos...
Aumentou
minha grandiosa tristeza
Deixou-me
apenas um poema.