terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Civilização Cristã

O passado é o presente
Pra quem vive no amanhã
É assim que somos civilização cristã
É o regresso desesperado
O medo da solidão
É o capitalismo exacerbado
E a falta do real social

Não precisamos mais correr
Desde que alimentemos a alma
E voltamos ao ódio
A toda a guerra
E ao total opróbrio
Do eterno Livro da Sabedoria

É o Cristo presente
A força sem armas
E a total falta de arte...
É assim que somos Civilização Cristã!



Canto da peroração

Minha loucura é minha dona
E ela me ama no calor de nossa cama
Diante das noites e das borrascas de inverno
Nos instantes em que sou pessoa física
E no grande alvorecer dos meus sonhos

A loucura guia minha poesia
Fazendo-a ser o que é
Diante de total desarmonia temática
E falta de qualquer nexo
Diante de algumas hipóteses
Que apresentam outras mil a serem seguidas

Ela fez de mim um ser pensante
Que pensa e age pelo futuro
Que nunca fará parte da história
Nem dos homens, nem de todos os demais seres

Se meus dias não são belos
Não são dignos de qualquer biografia
Ou literatura pseudoverídica
Apenas tenho o que escrevo
Para amar o papel
E ao ver que a humanidade não existe.

  

O introito desvinculado

A produção cultural
Advinda das vesânias humanas
Se autodetermina como caso oposto
Em total desarmonia com a natureza
E com toda a história do mundo

Nada é do ontem que me afligia
Pois agora meu pensamento me reflete
Ao reflexo sem gênero de seu rosto
Reflexo de minha alma maldita
Que ainda se apega a questões mundanas
E regras formadas neste triste drama
Do enredo pós-moderno e ultrapassado...
O limite tênue de minha filosofia
É o próprio questionar-se
Diante de ser ou não apenas uma abstração.



Diz-se e faz

Triste a forma
De sua vida:
Começou numa noite
Em que o autoconhecimento
Diante de suas contradições
Deveria ser explicado

E essa agonia
Em descobrir o espelho
Foi se fortificando
E a necessidade de te fazer
E de aperfeiçoá-la cada vez mais
Corria na guerra
Desse mundo
De sonhos e pesadelos

Fez-se o desamor
Diante de coisas
Tidas por insignificantes
E o desnecessário
Vítima de agressões verbais
Fez mais um soldado seu

E esse homem
Agredido por si mesmo
Está se recuperando
Para voltar a guerrear
E um dia voltará!...
Mas enquanto ele acorda
E os seus semelhantes dormem
Ele consome a si mesmo
Repensa no verbo pensar
E escreve cada vez
Com intensidade crescente
Os poemas de sua voz.
  


A bela Pangeia

Haverão de surgir os guerreiros
Que serão tratados por marginais
E gritarão contra a escravidão
E haverão de libertar o que sobrou do homem

Haverão de libertar a América
E todos a abraçarão e a honrarão eternamente...
Haverá de surgir a igualdade
E ela terá mais força na África
Surgirá o renascimento da irmandade
E ela poderá surgir na Ásia
Ou se empolgar na Oceania...
Daí, todos os filhos da Europa,
Sobrará apenas a sensatez!...

Maravilhoso é ser real a utopia
E o homem regredir
E se curvar diante da beleza da Pangeia!


  
Arte e depressão

Sendo a minha sombra
À lágrima oculta do mundo
E sendo minha dor
A apoteose de déspotas:
Só assim explico minha poesia
Só assim ela se torna real:
Sou amante do invisível
E adorador do inexistente...

Abençoando minha história
Com paradigmas inaceitáveis
Amarrando à sobrevivência
E assassinando o tempo
Como se Ele fosse mendigo...

Quando escrevo o difícil
Abraço a sensualidade
E sinto o real amor...

Escritura sagrada
Meu manto protetor
Sangue em minhas veias:
Arte e depressão...



Manicômios humanos

A mulher nasce
E questiona o seu mundo
Renega velhas aparências masculinas
Formula sua própria história
Organiza e treina o seu pueril ventre
E passa a infância nesse treinamento

Quando a mulher descobre-se nua
E começa sua admiração narcisista
Ela abraça seu próprio corpo
Ama e dança, balança o seu seio
Treina a face de seu semblante
Destaca-se das demais com soberba
E abre o seu ventre ao belo destino

O homem que traz o novo
E busca o velho na amada
Se apresenta como amante do destino
Ama a si mesmo
E procura a sua mãe no mundo

Ambos põem-se a dançar
E entregam-se ao físico
Abraçam-se e adoram-se no sexo
Nos seus frenesis abruptos
Que trazem milênios diante de segundos
E os corpos soam o suor do prazer
E o casal sorri diante da concupiscência

Quando surge algum sopro
E do vento o ventre vira casulo
Fechando uma nova vida
Explicando algo sem cifra
Sem sentido racional ou religioso
Algo que vai além dos muros do destino

Surge mais uma vida
E o casal, agora já em velhice
Abraça e admira todo o certame social
Que se apresenta pela efígie do filho adorado
Ajoelham-se diante da morte
E morrem
Achando que isso foi amor!



Guerras, vidas e sonhos

Tudo já nos foi dito e explicado
Através de verbos vivos
Acontecimentos pouco pomposos
Em vitórias vergonhosas
E derrotas inesquecíveis...
O mundo não é imprevisível
Apenas não nasceram homens
E o verbo em ser humano ainda não foi conjugado.



A canção sem introito e peroração

A humanidade não é guerra
Não é sangue, não é crime
É o que a arte representa
Diante de todas as transformações
Que nos apresentam o social
Que é apenas o nascituro e mutável

Resta apenas viver à arte
Dançar e fazer amor com ela...
Observar que ela é a mãe de tudo
E o homem não é nada
Pois o que o enobrece é a sua produção

No folclore do introito existencial
Todos abraçaram-se às utopias
Sem qualquer ação ou pensamento
Apenas por sentirem as necessidades
Que cresciam como velhas matas virgens
Ninguém sabe o que deveras ama
Mas todos nós amamos a comunhão do amor

O realismo expulsou o romantismo
E hoje restam apenas descendentes
Que perderam a língua de seus antepassados
Seus costumes, hábitos, cultura e tradição
Vivendo apenas pelas heranças nascituras
De tentar arquitetar a progressão da humanidade

Os que vivem por nossa honra
(Em seus velhos cemitérios perdidos)
Continuam a marchar pela batalha
Que deverão vencer
Para não trazer à realidade
Que não é superior a nossa derrota eterna

O meu niilismo e minha aflição inexplicável
São o que não quero para ninguém
Mas sei que é o que muitos são
Por viverem nos templos de nosso tempo
Nesta amarga derrota do homem
Diante de seu próprio reflexo
E todo o seu certame histórico

Restou-me apenas a eterna patética
Que é deste ser que vive em mim
E não consegue viver entre homens
Morre abraçado a um orgulho estúpido
E carrega a lágrima que secou
Antes que ela caísse no solo...
Nem um velho risco de giz
Ultrapassará o que escrevo e carrego.



Humanidade e poesias... dupla sincronia ilusória

A humanidade não se acabará
Antes da formação de ditadores
De todas as origens e sobrenomes
Antes das desgraças totais
Que serão praxes em extinção
Análogas a toda a espécie humana...

Todas as desgraças formarão corolários relevantes
Máscaras serão apoteoses teatrais
Mentes dominarão ignorâncias eternas...
Estamos apenas no introito de todo o caos
As mentalidades são projetos nascituros
E os sonhos já não se conhecem
E não sabem sobre os rumos que pretendem
Sobre as saídas que são possíveis
Deste exílio vulgar do inferno na terra

Mas o amor sempre existirá
E sempre nos tornará sonhadores
Guerreiros dos espíritos arrependidos
No jogo desleal da sociedade...
Algumas individualidades continuarão existindo
E farão da arte a bela continuidade
Da única arma social e humana
Que pode alcançar a liberdade
E trazer o amor para o que somos
Nos segundos que o artista reserva
E compartilha com as melhores e piores existências

Sou este simplório profeta
Que se abraça em momentos de ironia
Tristeza, alegria e desequilíbrio sentimental...
Não sei sobre o que carreguei
Diante de meus defeitos
Indeléveis nesta paisagem efêmera

Minha vida são segundos mutáveis
Diante da desgraça que é saber
Tudo o que é maior
Do que qualquer existência humana
E qualquer parte de meu mundo

Sei que o agora de meu pensamento convicto
Arcaico e indelével
Amanhã será extinto...
Mas as agonias se transformam
E tudo o que fui, sou e serei
É esta simplória escravidão
De minha solidão eterna
E minha voz calada por todos.



Pertencer e não existir

Antes que me viessem desgraças
Perante todo o mundo
Antes do baile fascinante
Triste e obscuro
Antes da formação ditatorial
Que se vê no mundo...
Sei que sou apenas humano
Diante de meus limites
E ações irreparáveis e irracionais

Nunca irei amar
Nunca terei felicidade
Nunca terei a minha religião
Nunca saberei sobre o que é a vida...
Pois ser humano
É apenas ser
O que acabo de explicar
No momento de minha depressão noturna.



Sou do tempo

Sou do tempo
A esquizofrenia de outrora
Os passos retrógrados
E a idiossincrasia
Mundial e individual

Sou do tempo
As lágrimas do mundo
O sexo selvagem
A vida libertina
O eterno anjo canalha

Sou do tempo
E a vida me renega morada
Os Campos Elíseos se fecham
E a volúpia se desarma
Vivo na morte
Morro na vida
E essas verdades
Me destruíram, me destroem e me destruirão...



Modernidade

Entrando na história do inconsciente
Me aparece à mente
As mais horrendas, dúbias e medíocres histórias
Que adentram em algum movimento
E tornam-se parte do modernismo

Ninguém mais domina o engenho e a arte:
Bem vindo à modernidade!



III

As minhas atitudes
Não me obedecem
O meu pensamento sai de seu lugar
A minha única vontade
É morar longe daqui. 
  


O estupro da poesia

Uma espada fere
Uma donzela que foi estuprada!
Uma espada mata
A esperança do mundo
E acaba com a gestante
E o introito de uma nova vida...

Vaidade ou vergonha?
Qual será o antropônimo adequado para ela
Em um muro gigante
E um declínio infinito?

Saia espada maldita!
Não sou guerreiro para ter-te como arma
Não sou o guerreiro que perdoaria tal assassinato!
Largue de meus pulsos este estigma catastrófico...
Pois escrevo e não tenho rumo
Para conseguir seguir à vida
E ignorar qualquer mistério existente
Na fonte de minhas idiossincrasias nascituras
Indeléveis até o momento final
De meu sangue demoníaco e hierárquico.



Minhas atitudes

Às vezes sinto raiva
De todas as minhas atitudes
Sinto-me como um ser irracional
Sujo-me com sentimentos vis
Saem de minha boca palavras cheias de sacrilégios
Sátiras baratas e escárnios mal-ensaiados

Minha boca desobedece minha mente
Elas brigam entre si
E se perdem em um universo limitado...
Minhas atitudes são minhas tempestades!

Gostaria de me afastar, ir para longe
E conseguir morrer em paz...
Minhas atitudes me transformaram
Em algo análogo a qualquer vida
Que se encontra em nossa sociedade...
Sempre diante do saber que poderia ter sido mais!
  


O ébrio mórbido

Festas de um alcoólatra que se perdeu na noite
Mas pensou em parar
Quer se livrar de si mesmo

Eu sou o alcoólatra
Mas é outro o meu elixir

Arrependido estou
Envergonhado diante de tudo
Implorando penitência divina
Mas morrendo silenciosamente

Pensei achar respostas para completar meu autoconhecimento
Mas ouvi a mentira universal de todos os paradoxos em questão

Estou morrendo lentamente ébrio
Me destruindo com meus sentimentos
E minha alta soberba de tentar procurar a verdade.



Morte e vida em réquiem

Tantos tolos no mundo
Que têm o meu ofício e o ridicularizam!
Escrevem por sofisma
E não sentem tudo o que eu sinto
Escrevendo, destarte, parcerias circenses em forma de poemas
E me afastam do mundo
Porque julgam-me sem explicações óbvias
Alguém fora de época!
Publicar o que é meu seria satisfatório a alguns
Desleal a outros e pernicioso para todos!
(Enquanto isso
O meu anonimato é um tapa na cara da sociedade!...)



I

Um corvo me segue
E calcula meus passos
Arranca sangue de meu corpo
E espera a minha peroração
No efêmero da efeméride soturna

Não mais descansarei
E minha insônia é o meu medo
E o resultado assim se forma:
Agrido-me com meus pensamentos
E meu resto carnal é da ave que criei com meus poemas

Rezo pelo fim de minha alma
Mas não tenho destinatário da mensagem que envio
Sei que meu escrito é um incrível erro social
Mas esta guerra
(Feita por um homem só)
Não mais terá fim
E não descansará de seu objetivo
De matar o pseudo esquecido.



Poema feito pelo silêncio

Final de madrugada, o sol ainda não nasceu.
Fico quieto com os meus olhos abertos
Porque as pequenas coisas me geram grandes ansiedades
O amor central que penso já ter perdido
Os paralelos futuros que farão minha carreira profissional de amanhã
E os rumos possíveis de minha literatura...
Enfim, grandes projetos e grandes fracassos
Que marcam minha trivial passagem
Diante desta vida que me aparece demasiado efêmera

Ser jovem, eterno desafio para um velho derrotado!...
Ter o corpo e a mente como eternos pedintes
Corvos que jamais se sentem saciados
E não conseguir nada para eles
E ser escravo eterno do tempo infinito dos segundos
Corolário possível através dos desequilíbrios sentimentais
Ações das senhoras outrora citadas

Não ter palavras racionais para escrever
Sentir que todos os dicionários ainda são pequenos
E ver que, diante de todo este paralelo,
A vida dança e corre com o vento
E o poeta ainda é escravo de si mesmo.
O sol ainda não nasceu.



Fez-me sentir o universo

Fez-me um grande tolo diante do espelho
Mostrou-me que não consigo perceber
Além de todos os questionamentos ditos universais
A grandiosidade que há em cada segundo
Diante de uma efígie demasiado pueril

Fez-me um indivíduo perplexo
Alguém que questiona a sua própria existência
Pois em um segundo desmoronou partes de minha estrutura
Aumentou o meu desligamento diante do cotidiano
Esta maldita mania que tenho de me afastar de mim mesmo

Aumentou minha esperança
No momento em que se aproximou
Deixou-me entregue à agonia
Por ter sido um ato de apenas alguns minutos...

Fez-me questionar, renovar minhas idiossincrasias
Tentar mudar os meus atos...
Aumentou minha grandiosa tristeza
Deixou-me apenas um poema.