quarta-feira, 22 de maio de 2013

              Agora é oficial: dentro de alguns meses estarei publicando o meu primeiro livro de poesias!

                  O livro será pela Chiado Editora, de Portugal, e terá uma maior tiragem do que o primeiro livro (que está à disposição abaixo neste blogue!) e terá publicação nacional e internacional.

              Com o tempo, deixarei descrito aqui as livrarias onde o livro ADAPTAÇÃO DE UM VELHO TEMA poderá ser encontrado.

                  Enquanto o lançamento não chega, deixo abaixo alguns dos poemas que estarão na minha próxima obra literária.

                                  Atenciosamente,
                             Rodrigo Pazini Bernart.

Veritas, veritas...

Vejo que apenas escrevo o desnecessário
Seguindo os motivos do velho judeu
De sua inimizade para com o inspirador
Da construção da cultura germânica
Ignorando qualquer princípio da arte
Que vai além do ornamento estético

Minha poesia é apenas o meu egocentrismo
Exposto ao universo por minha jactância
Já é demasiado tarde
Meus olhos não conseguem se fechar
Porque apenas penso em uma pessoa
Pueril em todos os aspectos de sua existência
Mais bela do que qualquer outra mulher existente...

Transtornado aqui estou
Diante de mais uma mudança abrupta
Do introito de meu escrever
Seu pesar demasiado extenso
Sua lógica em não ter inspirações externas
De vidas existentes, glórias e decepções

Sou deveras incompetente ao descrever
As maravilhas (que são poucas!) existentes
E as grandes frustrações e o real supérfluo
Que hoje já é quase a totalidade existente

Amargo absinto da vida
Que me deixa ébrio e pensativo
Vesano diante de cálculo regressivo
Analisando o tempo que me resta
Para que a minha morte
Colapso de minhas desventuras
Não significará algo relevante
Mas obviamente será mais significativa
Do que esta simplória vida
Que eu vivo e não arranco de outrem

Singularidade maléfica de meu pensar
Risco atribuído a outras existências
Questões de coações involuntárias da moral vigente
Paralelo que verificou-se por distinções
Modos da articulação cultural
Do projeto de minhas grandes arquiteturas poéticas
Que não superam as linhas de agora

Incrível é este oceano
Que guarda toda a minha infelicidade
E não tem qualquer curso a seguir
Estratagema de existência vital
Paralelos que geram ondas

Misturando-se assim às ideias
Nenhuma conclusão e/ou idiossincrasia
Apenas são os suspiros dos ventos
E suas inúmeras levas microscópicas
Incapazes de se fixarem ao humano

Trivial cotidiano maléfico
Em que me desprendo de qualquer ato
Que poderia superar o dicionário
As enciclopédias existentes
E outras coisificações do universo humano

Cemitério que guarda os meus ossos
Sem qualquer recordação escrita
Ou objeto para fazer viver em outrem
(Como se fosse realmente necessário)
A memória de meus atos e palavras

Talvez este assunto seja parte da psicologia
De sua crítica estudantil e teórica
Ou de sua praxe não explicada
De forma a ser parte do conhecimento de alguém
Como se ambos os casos se perdessem
E se odiassem em momentos magníficos
Ou se amassem diante das glorificações universais

Pensamentos são desvios necessários
As artes de outrem, os princípios desconheço
E as minhas, nem ao menos sei o que elas são
Sei apenas que a arte é autossuficiente
E não sei se me trará memórias de além-vida
Se os significados se apresentam por humanos
Ou se os pesares são apenas da viuvez
De alguém que jamais deixou de ser solitário

Incrível encontro das eternas inimigas
A insônia e a madrugada
Encontram-se no horário do descanso
E o poeta não consegue se esquecer de seus fantasmas
Tão distante de seus minutos de fuga necessária
(E nem ao menos sabe se os merece...)
Filosofia, quartel do soldado pensador
Discursos lógicos fora da lógica vigente
Amargura do tempo que se perdeu
Diante de seu único reflexo

Ópera totalmente desarmônica
Música previsível com o seu velho cromatismo
Destruindo as raízes do tradicionalismo
Fixando os pontos que serão encaminhados
Diante de um futuro de indivíduos
Em que morrerá a própria essência selvagem humana

Comédia triste e involuntária
Caminho de todos os extremos
Polaridades portadoras do desequilíbrio
Ruínas de minha mente
Sagas de idiossincrasias que não trazem mais alegrias
Cruz de todas as minhas derrotas eternas.


Ter e poder

Pecado original
De minha alma surgiu
E prevaleceu aos santos
E é o corolário
Dos passos da sociedade
E dos restos carnais
De homens ilustres

Pecado é morte!
Sei de tal hipótese
Mas sei que de ti
E para o teu ser
Nenhuma de minhas atitudes
Pode desaparecer dele!

Sei meus ensinamentos
E meus dogmas malditos
Desta espécie suja
Mas sei que teu corpo
Escurece a verdade cristã
E torna-se escândalo
Diante de moralismo sujo.



Noite de insônia

Noite de insônia
Em que durmo acordado
E penso na realeza
Dos que dormem
Nesta vila agreste

Noite de insônia
Em que tal intempérie
Fulgura do varonil pesadelo
E as almas se encontram
No passado de minhas ilusões

Esta é mais uma noite
Em que durmo triste
Por não ter esperança
E ela não estar do meu lado!...



Sonhos que se acabam...

Despertei repentinamente
Para todas as desilusões do mundo
Pude perceber incógnitas
Mas jamais resolverei os problemas de outrem
Pois nem os meus sou digno de decifrar

Minha situação vital
(Eterno estratagema sem norte)
Se consiste apenas na omissão
E eu não tenho erros para consertar
E também não tenho conquistas
Pois este é o meu câncer:
Existir sem ser, fazer sem agir...

Grande ironia vulgar
Desta maldita história
Que acabei por criar e ocultar!...
As passagens temporais de décadas
Não me são superior
Aos últimos fetos que morreram
Antes da probabilidade de existir.



Poema humanitário, solitário e triste

Se um suspiro de liberdade
Basta para felicitá-la eventualmente
De brandos calados
Todas as vozes da escravidão
Que se apodera de mim
Em constantes progressões funestas
De uma ação isolada
Poderei fazer amor com a humanidade inteira

Meus versos, constantes mudanças
De frases, palavras, organização
São apenas uma vil repetição trivial
De tudo o que sinto e faço ou não
De todas as idiossincrasias que existem em mim...
Até as que desconheço totalmente.



Eu como necessidade desnecessária

Um dia os artigos científicos
Como presenças preliminares
Se acabarão como algo efêmero
Nesta nódoa que se expande
Como um câncer frio e desnecessário

E quando as ferramentas sumirem
Com todas as teorias pragmáticas
Não mais restará outro agir
Para a minha alma demasiado aflita
Neste campo de concentração em que vivo eternamente...

Diante de corolários palpáveis
Minha voz nunca será esclarecida
Ao nível de ser compreensível
Qualquer oratória de idiossincrasias
Pensamentos e ações de tudo o que me domina
E me transforma em herói
E me transforma em vilão

Meu princípio aflitivo
Análogo à esperança que me faz sorrir:
Nada do que sinto é semelhante ao imaginário de outrem.



Corrida nuclear supérflua

Vultos, fantasmas, imagens vivas
Capturam os meus pensamentos
Adentram em meus sonhos
Como provas vivas e divinas
Cartazes do grande espetáculo existencial
Vidas que posso viver
Corolários demasiado próximos a mim
Hipóteses que são inimigas minhas

Pois observo tudo o que me cerca
E sei que tudo está certo
Maravilhosas histórias de amor se aproximam
O meu melhor amigo é o Universo
Meu pior inimigo sou eu mesmo...

Vejo que não escrevo mais como outrora
Porque agora sinto vontade de viver...
E não sei se isto de fato é bom

Parece lógica a necessidade de vida
Para um indivíduo análogo no físico carnal
De qualquer humano existente
Sou um grande diplomata ao escrever
No introito das cerimônias modais
E fico mudo diante do meu final.



Crise, guerra e pergaminhos...

Retorno ao meu lar
Após outras “grandes festas glorificantes”...
E o tempo ainda é demasiado largo!...
O grande vazio de meus significados existenciais
(Este eterno paradoxo que me atormenta
Mesmo sem ter qualquer tipo de personificação...)
Ainda continuará a dormir em minha cama!...
Perdido na eterna distância de meus desejos
Neste campo desarmônico em que deposito minhas últimas composições
Apenas faço pedidos impossíveis ao vento
Ao deserto que me afasta de todos
(Até de mim mesmo!...)
E vejo que nenhum suspiro me livrará de minhas praxes indeléveis.



Mais um mandamento

Ela foi embora, o ignorou totalmente
Ele escuta suas músicas
Observa os seus velhos livros
Dispersos na bagunça de sua estante
E não para de recordá-la
Sente uma saudade excêntrica
Perante sua solidão possível por causa dela
No mundo inteiro não existe em quem mais pensar
Seu amor a deixou partir
Afinal, um sentimento sincero jamais se torna adversário da liberdade
E ele morrerá com tais angústias e alegrias
Pois um sentimento puro jamais se apaga.



Oração

Que eu aprenda a observar as virtudes de cada indivíduo
Que, antes de adentrar em qualquer tipo de relacionamento,
Eu me prepare para os meus deveres
E me valorize acima de qualquer egocentrismo
Porque só assim estarei preparado para me comunicar com outrem
Escutando ao máximo, falando apenas o necessário

Que eu consiga me livrar do ódio,
Do fanatismo e qualquer outro desgaste espiritual
Porque todas as minhas falhas são filhas de minha incompreensão
Que eu consiga entender que devo ajudar
Para que minha paz seja encontrada
E que o significado da vida é não ter inimigos
Que me venha a humildade, verdadeira sapiência
Para que eu não mais esconda minha identidade

Pois só assim conseguirei viver.



Aviso aos que chegaram até aqui

O indivíduo que analisar minhas repetições
E, mesmo assim, continuar a ler os meus poemas
Das duas opções, se enquadrará em uma:
Ou é alguém que ignora qualquer beleza e estrutura literária
Ou se trata de um cidadão que verdadeiramente sofre
Sente minhas alegrias e minhas frustrações...
Ignoro totalmente os que se encontram no primeiro caso
Mas me sinto satisfeito se alguém pertencer ao último
Porque assim o universo estará provando que não sou louco
E sim o fato de a humanidade precisar de tratamento urgente.



Rodrigo Pazini Bernart

Sou um indivíduo fora de meu tempo
Não sou antigo e nem futurista
Porque não são a minha ideia em meu corpo
E o meu pertencer ao presente
Agentes de minha repartição, desgaste sem projeções
Ou análises verdadeiras ou falsas
Mas sim o meu espírito aflito
Órfão de significados, nascente de um rio desconhecido
Que me traz um eterno descontentamento
Para com os universos posteriores
E diante de todos os meus atos
Que, não só me trouxeram aqui,
Elaboraram um vazio insaciável
De minha mente, meu câncer e o ponto final
Este paralelo que nunca chega.



Pare, escute e... fale!

Dançar através de versos me é tão simples
Que acaba por me amedrontar diante de dois extremos:
Um é a falta de biografia perante belezas impostas
(Falo com exclusividade sobre as minhas...)
E o outro é à velha questão da utilidade...
Será que existe algum acréscimo
(Pessoal e/ou social)
Nestes meus rabiscos desequilibrados?

Hoje é um dia igual aos demais
E esta verdade me é um monstro indomável
Porque ela ainda me apresenta como escravo das dúvidas
A literatura é o primeiro foco de minha vida
Nada me vale mais do que esses fenômenos
Alguns poderiam me dar total razão
Outros poderiam descrever minhas aflições através de tal convicção
(E não estariam completamente enganados...)
Mas ninguém conseguirá calcular o que em mim reside

A vida é um martírio sem recompensa
Não desejo esta amarga cruz a ninguém
(Nem aos santos e nem aos piores criminosos)
O amor e sua eterna distância
É, antes, um demônio indomável e incalculável
Sangue podre é este que cai e se prolifera em mim
Aquece o que jamais deixou de ser frio

Meu espírito está se esgotando
Decomposição que já iniciou sua contagem
Antigo sintoma que em meu corpo regressa!...
Não faz qualquer diferença o sentido de agora
A sinfonia já não é equalizada
O equilíbrio não mais é possível
As mentiras que sempre criei estão a cicatrizar
Cada destino, cada heterônimo, cada visualização...
Não sou plausível, pois não existe o além zero de meu certame.



Alfabeto invertido

O ato de se iniciar, desenvolver e finalizar
É apenas um contexto, convenção
Harmonia para todos por ser previsível
O tradicionalismo é uma fuga
A liberdade é o maior demônio dos mortais
Ela nos suja com a inconveniente responsabilidade
Princípio que ninguém pretende seguir

E como encerrarei uma ironia?
Pois bem: “Era uma vez um poeta...”



Adaptação de um velho tema

Estranha é a espécie humana
A população se aglomera, o indivíduo fica solitário
O estratagema social fez do sono algo sublime
Único paralelo que ainda pode nos trazer paz
Mas que se atormenta com imagens exteriores

A confusão, filha da ausência do verossímil,
Está nos subúrbios de meu inconsciente
Como em algum esconderijo não mais secreto
À vontade de estar além desta irracionalidade
Quero ser superior à burocracia que me cerca!...

Ontem eu conseguia mover os músculos de meu corpo

Viver, sem sentir a vida!,
Tudo está muito distante...
Não sei se cheguei a perder o foco de meu certame
Às vezes, sinto que nunca cheguei a tê-lo
Com certa estranheza me lembro que tenho sangue
Simples, mas o trivial também é complexo...

Meu poema de agora é um resto
Algo que não deverá ser utilizado
Sempre penso no retorno de minha (in)felicidade...
Aqui, não sou e não tenho nada
As palavras se anulam neste interior de justiça universal.



Dúvida eterna

As noites são todas iguais
A velha coruja descansa em sua observação
Sangue é a cor do escuro e frio
Sinestesia é esta minha loucura
Mar de gelo, ausência de minha esperança!...

Meu foco se torna mínimo
Sonho com um futuro melhor
Meu inconsciente é o registro glorioso
Paralelo significativo, abstrações
De um desejo, ânsia insaciável
Pretendo alcançar o necessário
Que não é mais do que a utopia de meu tempo

Hoje, assassinos são heróis
Primatas inferiores são aclamados como gênios
O medo de usar virtudes internas
Projeto pseudointelectual que transforma-se em cópia barata
Faz do rico um guardador de sua fortuna
E do homem um mistério cada vez mais distante...
Escrevo por escrever, passar o tempo
Chegar próximo à morte
Esquecer o que fui e sou
Quebrar as grades desta cela
Sou um simplório prisioneiro
Desconheço-me neste lodo de cansaço e desinteresse

Guerreiro de uma guerra sem disputa
Herdeiro da vergonha de meu íntimo
Contento-me em ser a preparação do caminho
(Nem isso sei se deveras sou!...)
Sei que não sou princípio e nem fim de nada
Já se foi o tempo em que pensei ser qualquer coisa...
Mas deve existir, se escrevo, alguma utilidade nestas linhas

Desconheço o berço destas minhas análises excêntricas
E o princípio, ou seriam princípios?!,
Que me faz abraçar-me com uma convicção doentia
Sinto-me eterno merecedor da solidão
Amante fria e indiferente que se apodera de meu ser
Minha respiração é angústia sufocada
Hinos grandiosos saem de meus desabafos
Feios e tortos, com formas no mínimo duvidosas

Guardo as dúvidas com uma diligência inexplicável
Pelo bem ou pelo mal, cada vez maior é minha produção
Este câncer de meu ser é a exposição de agora
Não existem outros paralelos além desta vitrine...
Escrevo,... e nem sei se isto é deveras positivo.



Sensibilidade (II)

Escutei um som diferente que veio do exterior
Uma harmonia, delicada sinfonia
Hinos em louvor da paz silenciosa de pequenos atos
Confirmação de que os brados negativismos são destruições
Uma dualidade entre o superficial e o verdadeiro
As estradas diversificadas e a pueril individualidade
A chama de uma revolução que se expandirá
Um congresso de anjos, lereias de homens

Escutei o sofrimento, caminhada milenar
A sensação que supera as reais condições
Um abismo escondido dentro de mim!...
Pensei nos discursos, lembretes esquecidos
Na miserável condição de um ser inquieto
Amaldiçoado por sua própria mentalidade
Entregue a uma selva superior à sua própria essência

Escutei na vida o eterno aprendizado
Instituição mais eloquente do que qualquer política
Obrigações verdadeiras, indiferentes à nossa porca sociologia
Correspondências firmes, pedidos por um local mais humano
Intrigas derrotistas que ainda permanecem...
E um simplório poema não chega a ser indispensável
Mas é nulo, pois o demônio interno parece não ter cura
E tudo é mundo, apenas fuga
A biologia vence e devasta partes do campo criativo
A genética espiritual é esquecida
A ilusão consome a vibração de meus ossos.



Silêncio de um manicômio interno

Retornar ao princípio é sempre difícil
Rever faces que não se deseja
Ter que enfrentar o mundo inteiro
E, ao mesmo tempo, perder a própria armadura!...
Em mim, o futuro é o pior dos espectros
A agonia é a minha personificação completa.



Sentimentos...

Um ventilador que gira sem o vento
No quarto, diante da fria solidão,
Apenas o mancebo e uma corda frágil
A ideia se torna minha pior inimiga
(Me torna inferior, me faz distante de qualquer hipótese!...)
Estou morto, e nada me aparece como sensato
Acima de qualquer racionalidade financeira
Estar ou não estar diante de outrem
E ter ou não ter uma história!...
Corolário vazio, eis então a vida
As ferramentas dispostas para uma peroração sem dignidade.



Prosopopeia

No meio da rua, com o peito aberto para o mundo
Pois as ilusões estão nas instituições
E o poeta não é ser de se esconder em qualquer ilusão
A poesia é a sua pátria maior
As leis que obedece são apenas as do universo

Introito interessante, fixo e imutável
As letras são mais do que letras
Os versos são mais do que versos
Em uma arquitetura excêntrica
Que conecta velhos simbolismos modais
E pensamentos inovadores da ânsia que surge do caos
Eis, então, um resultado imprevisível!...

Reclusão de um indivíduo que nunca está sozinho
Sinestesia que consome o meu oxigênio
Meu alimento, uma chuva suave que limpa a minha alma!...
Me perco nesta loucura proposital
Sinto-me altivo, forte diante de um recanto pessoal

Terminei mais um poema?!...
Não, na realidade eu apenas me reinventei.


No princípio, era a filosofia!...

O belo, o feio, o certo e errado
São apenas quatro abstrações metafísicas
Convenções idiossincrásicas
Resultados dos empirismos do pretérito

Conheço bem toda esta verdade
Mas por que não consigo me sentir bem aqui
Em minha praxe atual
E, ao mesmo tempo, não consigo observar qualquer mudança
(Meu espírito ainda atormenta-se!...)
Ao sinal de atos diferenciados?...
Isto é, não consigo ter outra compreensão
Só a que me mostra à escravidão eterna
E os prazeres supérfluos como donos da humanidade

Nos restos de minhas felicitações ilusórias
Consigo até sentir alguma espécie sanguínea
Aqui dentro desta vil máquina de meu corpo
As efemérides são apenas uma questão de tempo
Mas a minha solidão parece ser infinita
O meu sentimento de outrora
(Pois sei que o já perdi totalmente...)
Foi jogado no lixo de forma errônea
Larguei alguns sorrisos para mulheres
Fantasmas, personificações exatas da ganância
E a mim, nada restou!...

Sou, agora, estes hábitos de autodefesa
Esta ironia em que me escondo diariamente...
Em meu lar, uma música ultrapassada pelo tempo
Da qual os medíocres se apoderaram
Livros de literatura que nascem antes de meu próprio país
Outros de uma historiografia recente...

Quando me entrego a escrever estas vesânias
Consigo, ao menos!, desvincular catilinárias
Me livrar de alguns demônios de cada segundo
Principiar minha ciência
(Com seu caráter corrosivo e hipocrisia simples...)
Travar minhas teorias empiristas
Estas que se formam longe da sociedade
E qualquer verdade que possa existir nela

Sinto que minha solidão é eficaz
Mas sua metodologia deveria ter sido outra...
Meu corpo ainda pretende se satisfazer...
E não consegue, nem assim!, calar as aflições de minha alma

Não tenho nenhum poder no mundo externo
Denominado de “realidade” por todos os de minha espécie
A lógica que envolve o planeta humano em geral
Me aparece sobre a efígie de um nada mascarado
Mas a minha arte não me traz qualquer motivo para sorrir
Destarte, prendo-me neste desequilíbrio racional
Por saber que serei eterno ignorante sentimental
E jamais me apegarei a qualquer um desses domínios

Quem quiser conseguir alguma felicidade efêmera
Deve não procurar algum pedaço do real conhecimento
E ignorar, totalmente, as belas artes de até então...
Se tal felicidade é o objetivo do leitor de agora
Este deve livrar-se imediatamente de minhas letras

As futilidades triviais estão prontas
Arrancam grandes aplausos do universo
São a busca de todos os que se cansam
E têm preguiça para pensar
Ou são desprovidos de significados
Porque não pretendem deixar marcas diferenciadas
E tampouco se apresentarem por identidades necessárias

O planeta implora para surgimentos
E não para esta eterna continuação
Produção industrial de monocultura da mente...
Digam-me o que quiserem os matemáticos
Sei que não existe qualquer cálculo perfeito
Pois sempre haverão desentendimentos racionais
E o certo, em sua real forma, nunca será decifrado pelos homens!

Os sentidos podem ser apenas um grande equívoco
Ou, ainda, podem ser reais!...
Não existe conformidade total entre eles e a ciência
E, portanto, qualquer afirmação é pré-conceito
Mas existe uma divisão demasiado sensível
Entre a ignorância e a maldade
Peças indeléveis de nossos subúrbios

O conhecimento é experiência
E cabe a todos os habitantes deste pequeno planeta
Saberem se apoderar do equilíbrio do universo
Que só será possível através da transparência espiritual
Adquirida no trocar de sonhos e prazeres

O “mal” ainda continuará
Porque ele é a maior ferramenta que temos
Para alcançar o que chamamos de “bem”...
Acontecimentos do pretérito me trouxeram até as danças de agora
A solidão me transformou em poeta.


Mudanças...

Fechar os olhos para abri-los verdadeiramente
Antes de me adaptar a qualquer coisa
Devo aprender que sistema é apenas sistema
Minha posição social, minha indumentária, meu corpo...
Nada do que percebo é minha totalidade
Sincronias, a minha apresentação ainda me é distante

Nem em formatos que me surgem
Menos ainda no meu suposto egoísmo
(Longe de muitas esferas que dominam virtudes minhas!)
Meu espírito não é o meu corpo
A agonia é meu Eu Desconhecido
Sou logo, uma peroração
O desenvolvimento de uma morte
E o surgimento de uma nova vida
(Com formato distinto, convicções...)

Sei que este local ainda não é meu verdadeiro destino
(E sempre se esconde distante de meu ideal!)
As vozes exteriores me determinam escravidão
A minha convicção interna é maior do que minha existência
A voz destas letras é o recurso entre duas letras
(O papel virgem que se limita a simbolismos...)

Penso e arquiteto em mim postura mais digna
Mas sou contrário a qualquer hipocrisia

Poemas meus, incógnita sem cifra completa
O único Hino que consigo seguir
Porque sou também quase insignificante
E meu inconsciente continua a sua proclamação!...

Guerra entre todos os meus heterônimos
Singular ocasião de uma efeméride
Não só de justificativas e/ou convicções
Mas sim de um silêncio eloquente
A ansiedade de um aspirante de si mesmo
E a ação que programa um determinado fim
(Pois as cenas são de um mesmo espetáculo,
Mas carregam suas respectivas orações)

E o meu descansar parece obra inalcançável!...
A noite é demasiado extensa
Meu julgamento interno apenas se inicia...
Representante sou de um subúrbio vulgar
(Concorrência desleal, o centro de minha “personalidade”)
Porque minha estrada apenas se desloca
E suas mudanças constantes são o ciclo de minha confusão

Insônia, e eis que nem consigo novidades!...
Escondo-me através de uma sensação humilhante
Sempre retorno, as possibilidades são nulas...

Sou fraco, pois nem o meu corpo
Matéria excêntrica (e disforme!) que tolera meu espírito
Cabe em meus limites de “Tolerável”!...
Sem construções, o vácuo é a inércia que me corresponde

Sangue que outrora me foi insopitável
O agora me é mais um repentino massacre
Finjo que não me (re)conheço
Tento me concentrar
Mas ter estas malditas convicções
E carregá-las como sonetos de um livro sagrado
Parece uma constância impossível de ser tolerada!...

E sei, mais do que ninguém!,
Que sou injusto comigo mesmo
Não só quando arquiteto-me nesta agonia extensa
Mas também quando nego o que devo
Permitindo-me à mentira
Carregando correntes vulgares e contrárias à minha cruz...

Sem maiores devaneios
(O excesso me é câncer no hino pós-moderno!)
Velhas problemáticas medievais retornam ao cenário
O futuro é um formato ainda em construção
(A correnteza nos leva a um ponto antípoda...)
Pois então a minha vida já se foi... será?

Começo um caminho de renascer
Organizo um amplo processo de planejamento
(Busca pelo que virá a ser!...)
Porque o meu desejo é nobreza fixada
O introito de mim está para surgir.


 Cada vez mais difícil ignorar!...

Eles estão aqui, influenciando minha caminhada
Trazendo-me ordens que superam o “bom” e o “ruim”
(Na verdade, eles simplesmente ignoram certas convenções...)
Me ordenando, fazendo de minha vida uma obra
A construção que é superior a mim mesmo
Falam-me de uma missão pré-planejada
Uma construção que residirá na humanidade inteira
Um percurso que me fez caminhar
Uma ordem que é o único norte que a mim cabe!...

Julgamentos internos e externos
Sou um processo, mais do que um simplório pedido de ajuda
(E menos do que a autonomia completa!...)
Porque existe uma rede de entretenimento vulgar
Pequenas coisas se consomem de grandes indumentárias
E é contra o circo da estagnação social do mundo
Paralelo que faz do homem apenas projeto nascituro
É que surgem os poemas da revolta de todos

Santa inquietação, comprou a visão de meu espírito
Me fez amante do campo do sentimento exacerbado
É o local que faz o exteriorizar de meus defeitos
(Estes que não coloco mais em degraus de importância...)
Sou uma biografia de escritas, palavras e atos
A trilogia forma em mim uma unidade
Amargura vencida pela esperança
Amor vencido pela minha vil personalidade

No meio dos mortais, sou um andarilho solitário
Sem maiores encontros, falo de um plural vigente
Sim, estas linhas são o desenvolver de minha missão nesta existência
Escrevo por pensar na caminhada de um planeta inteiro
Disponibilizo-me alguns erros de percurso
Sou também uma exposição de egoísmo!...

Coroam-me com sangue em podridão
Breves festas de uma ironia doente
Neste universo limitado
Metade presente nesta sociedade
Metade presente neste meu pensar excêntrico
As recompensas são mínimas, nulas!...
Escritura salvadora, minha escravidão de momento

Os vivos se tornam mortos, mas as ideias consistentes persistem
Ignorados são os focos suicidas
E tal lógica nos garante que muito haverá de sumir!...
A poesia se expande e os déspotas ficam para trás
Sim, os loucos limpam a humanidade
Muitos fazem teatros vulgares
Mas o progresso surgirá dos indivíduos que verdadeiramente agem
Itinerários triviais, a epopeia é mal interpretada
Sangue é presença única na estrada da ambição social

Minhas letras só são confusas para os donos da demagogia
Mínimo é o grupo seleto que me compreende
E nem sei se esses egrégios senhores concordam comigo!...

Existe uma correnteza, um turbilhão de nosso câncer
Insensato é o sujeito que não quer revolução
Porque só o cego ignora a falta de rumo de nossa sociedade
O tradicionalismo é o demônio que não nos deixa pensar
Somos dignos de escolher a estagnação
Mas não o somos para deixar tal mediocridade às próximas gerações

Sou uma dualidade que carece de estudo específico
Sou uma falha efêmera em palavras e atos do cotidiano
E o arquiteto, um informante dos erros triviais de minha espécie
A nova filosofia já está entre nós
Constituição primordial para a nossa sobrevivência
(Mais do que isso, um paralelo de libertação e renascimento!...)
Eles estão em todas as partes
Nos influenciam, nos ordenam, nos abrem o campo da compreensão.